“Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João, 14:6)
Será que o ateu, ou os membros de outras religiões que desconhecem Jesus, como o maometano, o judeu ou o budista não irão ao Pai?
Teriam as palavras de Jesus Cristo o objetivo de fazer discriminação entre os profitentes de outras religiões, outorgando apenas aos cristãos as prerrogativas de irem ao Pai?
Inquestionavelmente, esse não era o pensamento do Mestre, pois, sendo um missionário que veio trazer à Terra uma doutrina de cunho universal, não poderia jamais fazer distinções dessa natureza.
Para ir ao Pai através de Jesus não basta qualificar-se cristão, ou assentar-se nos bancos de uma religião cristã. É preciso fazer obra de cristão e, para fazer obra de cristão, é necessário não apenas ler, mas viver os Evangelhos, aplicando-o em sua vida de relação.
Quem teria mais valor aos olhos de Deus: um ateu que pratica o bem, ama o seu próximo, cumpre o seu dever no lar, ou um cristão que frequenta a sua igreja, mas que não pratica qualquer sorte de caridade, não tolera o seu próximo e torna-se um tirano no lar?
Quem teria mais mérito: uma pessoa que não crê em Deus, mas está sempre disposta a cooperar com o seu próximo, ou um cristão que vira as costas e fecha as portas do coração para tudo e para todos?
O apóstolo Tiago Menor, ao escrever a sua inspirada Epístola Universal, deixou bem claro que “a fé sem obras é morta em si mesma”, no que foi corroborado por Paulo de Tarso, quando afirmou na célebre Epístola aos Coríntios que “se alguém falar a língua dos homens e dos anjos, ou der o corpo para ser queimado em praça pública, mas não tiver caridade, isso nada significa”.
De nada adianta proclamar-se cristão, pois assim como João Batista afirmou aos judeus que se arrogavam ser filhos de Abraão, que das pedras existente às margens do Rio Jordão Deus poderia fazer novos filhos de Abraão, é óbvio que mesmo criaturas mais endurecidas podem se proclamar cristãs, mais isso não significa que elas seja cristãs na verdadeira acepção do vocábulo.
Na parábola do Rico e de Lázaro, vimos o rico chamar Abraão de Pai, o que significa que ele se considerava filho desse grande patriarca, mas ele não fez obras dignas de um “filho de Abraão” e, por isso, foi parar nos planos inferiores onde “há choros e ranger de dentes”.
Ser cristão significa ser bom rico, um rico que sabe dar uma parcela dos seus bens para o bem-estar dos menos favorecidos pela fortuna; ser bom pobre, que não vive constantemente blasfemando contra Deus e contra tudo; ser caridoso, ser tolerante, ser bom, não guardar ciúmes, vaidades; não ser orgulhoso, déspota ou rancoroso; não cobiçar as coisas alheias nem alimentar inveja contra a prosperidade do seu próximo.
Em suma, para ir ao Pai, através de Cristo, é preciso viver tudo aquilo que está exarado nas páginas dos Evangelhos, embora quem o faça pertença às mais diversas ramificações religiosas da Terra, mesmo que não sejam do ramo cristão.
Deve-se também levar em consideração que os antigos mentores religiosos, como Buda, Zoroastro, Krishna, Maomé, Abraão, Moisés e outros, foram também emissários de Jesus que vieram em outras regiões do mundo, a fim de ali deixarem as sementes generosas que germinarão mais tarde, quando os Evangelhos de Jesus estiverem implantados em todos os quadrantes do mundo, quando a época for propícia para haver “um só rebanho sob o cajado de um só pastor”.
Se os ensinamentos desses missionários divergem, em parte, daquilo que o Mestre Nazareno ensinou, deve-se compreender que isso foi decorrência do próprio atraso moral e espiritual reinante nas respectivas épocas. Não resta dúvida, entretanto, que todas as arestas serão removidas, para que todos venham um dia a conhecer que Jesus é realmente o Caminho, a verdade e a Vida, e que ninguém irá ao Pai a não ser por seu intermédio, isto é, através da assimilação dos seus ensinamentos.
O amor, a caridade, a fraternidade, a mansuetude, a tolerância são vocábulos universais, e todas as religiões que os consagrarem estarão palmilhando os caminhos batizados por Jesus Cristo.
Paulo Alves Godoy
Extraído do Livro: Os Padrões Evangélicos
2ª Edição: FEESP; São Paulo; 1989
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