Para muitos, a existência da sexualidade fora dos limites da carne é uma surpresa.
Para nós, espíritas, no entanto, é
apenas mais um aspecto da continuidade da vida além da matéria. O Espírito não
tem sexo conforme o entendemos na Terra. Ele mantém a forma sexual da última
encarnação, mas, na realidade, o Espírito é assexuado. No entanto, não é porque
esteja despido do corpo físico que, de uma hora para outra, ele se desprende
dos hábitos e costumes cultivados em sua existência terrena.
Liberado do corpo físico, pelo
fenômeno da morte, o espírito passa por uma fase de adaptação, que poderá ser
longa ou curta, conforme o grau evolutivo de cada um.
Enquanto não houver, a total
compreensão de que já não sofre a influencia das necessidades da matéria, a sua
mente registrará sensações como fome, sede, dor e até desejos, os quais farão
parte de seu cotidiano na outra dimensão.
Para compreender a problemática
sexual no além, ou seja, na Vida Espiritual, é preciso ter, pelo menos, uma
noção dos elementos que compõem o ser humano.
Segundo a Doutrina Espírita, ele é
formado de três partes: o espírito, que não tem forma, apresentando maior ou
menor luminosidade, conforme seu estágio evolutivo; o perispírito, ou corpo
fluídico, de constituição sutil; e o corpo físico.
Os corpos espiritual e físico são
constituídos pela mesma substância em diferentes estados vibratórios. São
constituídos de matéria ou energia condensada.
Embora formada de matéria
quintessenciada, o perispírito, também, ocupa lugar no espaço. Ele preexiste e
subsiste à morte, ou seja, à dissociação do corpo físico. Ele é o molde de que
se utiliza o espírito para formar o corpo físico. Nele é registrada toda a
trajetória do espírito em cada encarnação bem como as influências de qualquer
natureza resultantes de suas ações durante a permanência na Terra. O Apóstolo
Paulo deu-lhe o nome de corpo espiritual.
Após a desencarnação, o perispírito sofre
algumas alterações para se adaptar, novamente à dimensão espiritual.
Com relação à alimentação, por
exemplo, sofre alterações na massa muscular e no aparelho digestivo, de sorte
que a alimentação no Plano Espiritual é semelhante à da Terra, porém, de forma
fluídica. Até que se adapte ao sistema de sustentação em esfera superior, essa
alimentação é recebida em proporções gradualmente reduzidas.
Quanto maior se evidencia o
enobrecimento do espírito desencarnado, tanto menor e mais leve será a
quantidade ingerida desta substância. O corpo perispiritual, pela difusão
cutânea, através da sua porosidade, nutre-se de produtos sutilizados ou
sínteses quimioeletromagnéticas, hauridas no reservatório da natureza e no
intercâmbio de raios vitalizantes de amor com que os seres se sustentam entre
si.
As alterações do perispírito chegam,
também ao campo da sexualidade. Assim é que, após a desencarnação, embora o
espírito ainda conserve os órgãos sexuais, eles não atendem às mesmas funções
que tinham na Terra, não ocorrendo o ato sexual propriamente dito, porque lá
não existe a procriação. Existem, no entanto, o namoro e pasmem, até o
casamento, que poderá se consolidar na próxima encarnação do casal. Lá, os
mecanismos de permuta psíquico-magnética, entre os espíritos afins, são o
suficiente para o equilíbrio e a harmonia dos mesmos, dentro do seu grau
evolutivo.
O grau de influencia da energia
sexual, no plano espiritual, depende da condição de cada espírito. Os mais
evoluídos geralmente se libertam das necessidades materiais, dentre elas o
sexo, em menos tempo e com maior facilidade.
O espírito André Luiz nos ensina: “A
morte não é um banho revelador que transforma o mau em bom ou vice-versa”, logo
o espírito continua com os mesmos hábitos e necessidades. Assim é que o glutão
encontra maior dificuldade para se adaptar à alimentação fluídica, bem como os
que são apegados ao sexo levarão mais tempo para se adaptar à nova forma de
troca de energias sexuais.
Texto
extraído da Revista Espírita Allan Kardec
Ano XII, N°44 – pag.18 a 20
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