“Logo se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das Escrituras Sagradas. Os Espíritos não vêm, pois, destruir a religião, como alguns o pretendem, mas, ao contrário, vêm confirmá-la, sancioná-la por provas irrecusáveis.” (O Livro dos Espíritos, questão 1010)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ADÃO E A REENCARNAÇÃO

 
          


          “O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida.”

(Gênesis 2:7)¹


      
          Adão e Eva na visão do Espiritismo não existiram como pessoas, são personagens mitológicos que fazem parte da mitologia bíblica da criação. Porém, todo mito traz no seu simbolismo verdades que foram pensadas de forma muitas vezes intuitiva.  
         É o caso da formação de Adão relatado no Gênesis. Os povos antigos observando a desagregação orgânica dos corpos de animais e humanos concluíram que todos haviam sido formados do barro ou pó da terra. Assim, intuitivamente acertaram, colocando o solo como símbolo, pois os materiais que constituem os seres orgânicos provêm do reino mineral.
         Os mesopotâmicos acreditavam que os deuses moldaram o homem da terra e essa tradição mesopotâmica da criação foi herdada pelos hebreus e adaptada pelos escribas judeus, sendo colocada tambem a noção reencarnacionista.
       É o que nos esclarece o professor Severino Celestino, pesquisador espírita e especialista em Judaísmo no seu livro “Bereshit (O Gênesis) Deus e a Criação”:

        “Todos os tradutores são unânimes em manter a expressão “sopro de vidas” no singular, devido ao conceito predominante no Ocidente de uma única existência para o ser humano, no entanto, a palavra vida, (חַיִּים) Chaim, em hebraico, não existe no singular, portanto a expressão pode ser entendida como um sopro de vidas, múltiplas vidas.” [2]

        Moisés sendo educado nas tradições do Egito bebeu nas fontes da doutrina egípcia da transmigração das almas. Desse modo, é muito provável que tenha repassado essa doutrina, adaptada aos seus ouvintes, como ensinamento oral. E que mais tarde, quando os escribas resolveram fazer um apanhado das tradições orais e coloca-las em pergaminhos encontraram-na já modificada pelo tempo e do ensinamento original mosaico só restou pouca coisa que foi inserida com as devidas readaptações e enxertos da tradição mesopotâmica (da qual tinham conhecimento, pois Abraão era da Mesopotâmia [3] e os principais textos foram escritos durante o cativeiro da Babilônia) passando a constituir a Torá.   
         Assim sendo, muito da doutrina da reencarnação ainda está no Pentateuco, é só procura-la que se acha nas entrelinhas e às vezes até de modo explicito.



Jefferson moura de lemos



Referências:

[1] Bíblia Sagrada. Tradução dos originais mediante versão dos Monges de Maredsous (Bélgica) pelo Centro Bíblico Católico. 42ª Edição, editora “Ave Maria”
[2] SILVA, Severino Celestino da; AZARIA, Gad. Bereshit: Deus e a Criação. Editora Ideia, João Pessoa, 2007.
[3] (Gênesis 11: 28 – 31)

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