“Logo se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das Escrituras Sagradas. Os Espíritos não vêm, pois, destruir a religião, como alguns o pretendem, mas, ao contrário, vêm confirmá-la, sancioná-la por provas irrecusáveis.” (O Livro dos Espíritos, questão 1010)

domingo, 1 de janeiro de 2012

DEIXA QUE OS MORTOS ENTERREM SEUS MORTOS


           


           “E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor deixa que primeiro eu vá enterrar meu pai. – Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vai e anuncia o Reino de Deus.”

 (Lucas 9: 59-60)¹




        
          As palavras de Jesus parecem à primeira vista bastante duras, Ele sempre respeitou as tradições legítimas de seu povo, não se oporia a que um filho fosse enterrar o corpo do próprio pai. Muito menos restringiria os nossos deveres para com nossos familiares.         
         No entanto o divino mestre aproveitava todas as oportunidades que se apresentavam para, através de palavras fortes, impressionar e despertar a atenção dos seus ouvintes para ensinamentos de grande importância espiritual.
         Dizendo: “Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos”, Jesus procurou primeiramente demonstrar a prevalência do espírito sobre a matéria. Não somos  um corpo, um amontoado de células, somos essencialmente seres espirituais habitando temporariamente um corpo físico. A alma ou espírito é o nosso verdadeiro Eu.
         Quando reencarnamos nossas percepções se apequenam, pressionados pela matéria densa, esquecemos o passado e deixamos muitos conhecimentos em estado latente nas partes mais profundas do nosso inconsciente. As boas resoluções que tomamos transformam-se em intuição, nossa consciência, que nos adverte nos momentos das mais importantes decisões. 
        No entanto, se nos deixarmos arrastar exclusivamente pelas preocupações da matéria, tornando-se distantes das verdades do espírito, apegados demasiadamente às riquezas, aos prazeres e empregando a violência em vez de cultivar a paz, tornamo-nos espiritualmente mortos mesmo estando encarnados.
          Se persistirmos nesse estado de consciência, mesmo depois do desencarne o espírito permanecerá cativo de si próprio, ansiando por continuar nas inquietações do plano físico mesmo após a decomposição do corpo biológico, não conseguindo ascender aos planos espirituais mais elevados. 
           Aquele homem é chamado ao despertamento espiritual, Jesus que conhece os corações sabia das suas necessidades morais e o estimula ao desapego, incitando-o a pregar sobre o Reino divino: chamar os homens violentos a mansuetude, os intolerantes a tolerância, a levar esperança aos aflitos, a disseminar a luz do evangelho àqueles que estão nas trevas. 
         Assim, deixando um ensinamento para todas as épocas, o Cristo demonstra que, enquanto muitos homens se preocupavam com o pó, nossas atenções devem se voltar primeiramente para a alma. 
        A reforma interior e a prática do bem eleva nossa condição espiritual, nos capacitando ao despertamento, a sermos trabalhadores do Senhor, saindo da condição de mortos segundo a carne para a condição de vivos segundo Cristo. (Efésios 5:14)




Jefferson Moura de Lemos




Referências:

[1] Bíblia Sagrada. João Ferreira de Almeida. Ed. 1995 São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.

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