“Logo se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das Escrituras Sagradas. Os Espíritos não vêm, pois, destruir a religião, como alguns o pretendem, mas, ao contrário, vêm confirmá-la, sancioná-la por provas irrecusáveis.” (O Livro dos Espíritos, questão 1010)

sexta-feira, 3 de junho de 2022

PORQUE O ESPIRITISMO TAMBÉM É UMA RELIGIÃO

 

A proposta inicial de Allan Kardec o codificador do Espiritismo era de desenvolver uma ciência que estudasse os fenômenos espirituais e extraísse dessas manifestações as consequências filosóficas e morais que pudessem ser absorvidas por pessoas de todas as classes sociais e religiosas.

Entretanto, os seres humanos têm gostos distintos, uns preferem a ciência outros a filosofia e outros ainda a religião, nem todos têm aptidão para os mesmos assuntos. A Doutrina Espírita abarcando esses três aspectos, seria perfeitamente natural que em algum momento um aspecto se sobressaísse sobre outro em diferentes grupos, dando origem a múltiplas formas de vivenciar e estudar a Doutrina, sem contudo deixar de ser Espiritismo, respeitando e seguindo os fundamentos principais elaborados por Allan Kardec.



Sendo o Espiritismo uma doutrina consoladora que investiga o mundo dos Espíritos e que ao longo do seu desenvolvimento, baseando-se nas respostas dos Espíritos e nos fenômenos que analisava, Kardec formulou conceitos doutrinários próprios que foram rejeitados pelas religiões tradicionais. Sendo assim, como o Espírita conciliaria os fundamentos desse novo sistema com a dogmática tradicional? E ainda ser aceito sem represálias nos templos dessas religiões? Ficava para muitos espíritas sinceros a escolha.

Desse modo, para o Espiritismo tornar-se uma nova religião foi um passo natural, algo inevitável pela força mesmo dos acontecimentos e da solidez doutrinária que o Espiritismo tem em seus princípios.

No entanto, sem dogmática, hierarquia sacerdotal, ritos e sacramentos. Não valorizando objetos sagrados e nem incentivando imagens e ícones. Objetivando a simplicidade nas suas reuniões e evangelizações. Não condena as outras crenças religiosas. O Espiritismo tornou-se uma doutrina religiosa diferente das demais religiões.

Porém, muitos espíritas que preferem os aspectos científicos e filosóficos da Doutrina veem a religiosidade, principalmente do Espiritismo brasileiro como algo negativo. A preferência desses irmãos para a filosofia a experimentação e o desenvolvimento de novos conceitos doutrinários que venham elucidar a enriquecer a Doutrina é perfeitamente válida e faz parte do pensamento Kardecista.

Todavia, esses irmão não podem ignorar que a maioria da população procura o consolo para as suas dores e dificuldades do dia a dia e não têm aptidão ou não estão dispostas a experimentos e teorias científicas ou especulações filosóficas. Para elas, o Consolador prometido por Jesus vem aliviar a dor da saudade de entes queridos que partiram, esclarecer suas dúvidas sobre Deus, Jesus, a vida e o além, lhes trazer ensinamentos evangélicos para a sua reforma interior e também amainar suas dificuldades materiais por meio da beneficência sincera.

No entanto, no momento evolutivo em que estagiamos ainda precisamos nos agrupar e criar identidades religiosas, sabendo que um dia não haverão mais distinções de crenças e separações, só existirá a religião do amor. Por isso, a Doutrina Espírita respeita os simpatizantes e frequentadores que ainda não optaram pela autoafirmação como espíritas, frequentando os Centros mais ainda conseguindo permanecer nas suas religiões de origem.

Mas, por ora, enquanto esse dia não chega, possamos afirmar convictos que a nossa religião é o Espiritismo.


Jefferson Moura de Lemos

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