“Logo se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das Escrituras Sagradas. Os Espíritos não vêm, pois, destruir a religião, como alguns o pretendem, mas, ao contrário, vêm confirmá-la, sancioná-la por provas irrecusáveis.” (O Livro dos Espíritos, questão 1010)

sexta-feira, 3 de junho de 2022

RESSURREIÇÃO OU REENCARNAÇÃO

 

De uma maneira geral os átomos são a matéria de construção do universo físico. Nos seres orgânicos, esses átomos formam os elementos químicos e esses elementos formarão as células, os tecidos e os órgãos.

Mas, essas partículas vieram da natureza e por isso são constantemente substituídas ao longo dos anos. Nessas trocas químicas incessantes com o meio ambiente, recebemos materiais orgânicos e inorgânicos pela respiração, pelos alimentos e líquidos que ingerimos e devolvemos também pela respiração, por excreção e suor. O que significa dizer, que todos os seres vivos, inclusive o ser humano, estão constantemente trocando de corpos, pela renovação incessante dos materiais de que são constituídos.

Disso resulta que, quando o corpo humano morre todos os seus elementos químicos se desfazem retornando às partículas atômicas originais, volvendo à natureza para serem reciclados e formarem os corpos de outros seres. Sendo assim, toda a matéria que constitui o corpo dos humanos já fez parte de outros seres humanos, animais e vegetais.

Então, se toda matéria se mistura na natureza como, numa ressurreição da carne, os indivíduos terão seus corpos restaurados? Se a ressurreição da carne for vista como a devolução do mesmo corpo, exatamente idêntico ao que morreu, parece haver uma impossibilidade lógica.

Por isso que só vemos nos textos bíblicos mortos que foram “ressuscitados” pouco tempo após a morte, com seus corpos ainda intactos. Após a desagregação total da matéria cadavérica a reciclagem dos elementos impossibilita o retorno dos despojos.

Todavia, se um outro corpo de carne fosse formado para o espírito de uma pessoa que já morreu, utilizando os átomos dispersos na natureza, organizados e estruturados de maneira natural, com todas as informações genéticas referentes à espécie humana e sem violar a reciclagem normal dos corpos, a única possibilidade racional seria a reencarnação.

Na época de Jesus as pessoas não tinham conhecimento acerca dos elementos de que são constituídos os corpos, sendo assim, era até aceitável que se acreditasse na possibilidade real de uma ressurreição corporal. Até porque presenciavam pessoas aparentemente mortas (enfermas) retornarem à vida, reforçado ainda mais a esperança de uma ressurreição física futura.

Diante dos conhecimentos atuais, podemos considerar que a reencarnação é a verdadeira ressurreição da carne, onde o ser espiritual retorna ao ambiente físico por meio de um outro corpo biológico, prosseguindo na sua jornada rumo ao melhoramento pessoal e da coletividade.

Até porque, a perspectiva das narrativas apostólicas não ensina absolutamente que os mortos se uniriam novamente aos seus antigos corpos mas, que os ressurretos viriam em outro corpo, um corpo puramente espiritualizado.

Na visão do Apóstolo Paulo os mortos já ressurgiriam com os seus corpos espirituais, e os vivos, ainda revestidos pela matéria orgânica, seriam transformados. Essa transformação se daria, como se infere de suas palavras, numa espécie de morte rápida, uma desmaterialização imediata, sem passar pela corrupção de uma desagregação natural. O apóstolo dos gentios tinha a esperança que essas aparições e transformações aconteceriam ainda durante a sua vida [1].



[1] Para um melhor entendimento sobre essa questão ver o nosso artigo: Paulo e a ressurreição espiritual.



Jefferson Moura de Lemos


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