“Logo se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das Escrituras Sagradas. Os Espíritos não vêm, pois, destruir a religião, como alguns o pretendem, mas, ao contrário, vêm confirmá-la, sancioná-la por provas irrecusáveis.” (O Livro dos Espíritos, questão 1010)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

ABRAÃO E OS ESPÍRITOS DO SENHOR


         “Responderam e disseram-lhe: nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. – Mas, agora procurais matar-me a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido: Abraão não fez isso.”
Jesus (João 8: 39 – 40)¹






 
          Segundo a Bíblia, A Caldéia, região localizada na antiga Mesopotâmia (atual Iraque), foi o lar de Abraão [2]. Dotado de uma mediunidade acentuada, esse grande patriarca do povo hebreu, por diversas ocasiões entrou em contato com os espíritos enviados de Deus.

         Politeísta como o seu pai Terá [3], Abraão adorava as diversas divindades do panteão caldeu e, como todos daquela época, imaginava que os seres espirituais com os quais estabelecia relação tambem eram deuses, por isso, designava a todos pelo nome genérico de Elohim. Essa palavra hebraica tem origem mesopotâmica e significa justamente “deuses”.   

         Com o tempo esse termo vai tomando um caráter henoteísta. O Henoteísmo é uma forma de politeísmo, onde o fiel escolhe um deus dentre uma multidão de outros deuses, para ser o seu deus particular. Esse deus será tambem a divindade adorada pelo seu clã ou tribo.

          Assim sendo, com o passar do tempo essa palavra foi deixando de ser uma expressão genérica para tornar-se o nome próprio do deus de Abraão e sua descendência passa a identificar Elohim como o deus particular da tribo dos hebreus, o deus dos pais: o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó [4].

          Somente com a afirmação da crença monoteísta estabelecida por Moisés a palavra Elohim caiu em desuso e foi substituída pelo novo nome divino “Iahweh” ou Iavé, que significa “Eu sou”. Porém, ainda sobreviveu na tradição oral até ser adaptado pelos escribas aos textos monoteístas que iriam compor os livros da Torá (Pentateuco). Estando inserido muitas vezes ao lado do nome Iavé nos escritos que narram a vida de Abraão como no seguinte texto:

         “E Abraão intercedeu junto de Elohim (traduzido por Deus) e Elohim curou Abimelec, sua mulher e seus servos, a fim de que pudessem ter filhos. – Pois Iahweh tornara estéril o seio de todas as mulheres na casa de Abimelec, por causa de Sara, a mulher de Abraão.” [5]


          Na passagem evangélica que encima este post, Jesus demonstra claramente que Abraão não entrou em relação direta com Deus quando diz: ”..a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isso”. Sendo Jesus um representante da vontade divina estava em contato direto com o Pai e naquele momento estava sendo ameaçado de morte pelos judeus, ao passo que Abraão, de quem se diziam filhos, não agiu dessa forma, não perseguiu os enviados de Deus (Anjos) de sua época, que acamparam em sua tenda e até se alimentaram com ele (e que eram espíritos materializados sob a aparência de homens encarnados). [6]

          Desse modo, Abraão não viu nem conversou com Deus, Ele viu e conversou com os espíritos do Senhor, os seus mensageiros. Somente Jesus, o messias divino, havia recebido diretamente do todo-poderoso as verdades que ensinava. 




Jefferson Moura de Lemos





Referencias:

[1] Bíblia Sagrada. João Ferreira de Almeida. Ed. 1995 São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.
[2] (Gênesis 11: 28 – 31)
[3] (Josué 24: 2)
[4] (Genesis 12: 1; Josué 24:3)
[5] (Gênesis 20: 17, 18)
[6] (Gênesis 18)

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