“Logo se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das Escrituras Sagradas. Os Espíritos não vêm, pois, destruir a religião, como alguns o pretendem, mas, ao contrário, vêm confirmá-la, sancioná-la por provas irrecusáveis.” (O Livro dos Espíritos, questão 1010)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

ONISCIÊNCIA E ONIPRESENÇA DE DEUS

          “Um só Deus e pai de todos, o qual é sobre todos. E por todos e em todos”

(Efésios 4:6)¹


         As religiões tradicionais concordam que Deus, sendo todo poder, a Onisciência (todo saber) e a Onipresença (estar em toda parte) são atributos indispensáveis a sua natureza.
          No entanto, não esclarecem de maneira coerente como Deus consegue estar em todo lugar ao mesmo tempo, como pode a tudo saber e a tudo observar. São indagações que ficam sem explicação, utilizando-se muitas vezes o argumento do mistério. 
         A visão materializada dessas religiões impõe a existência de um Deus antropomórfico, isto é, limitado e circunscrito à forma humana e muitas vezes tomando atitudes incoerentes a um Ser cuja perfeição não conhece limites. Já que a infinitude é condição fundamental e imprescindível ao absoluto, somente sendo infinito pode Deus ser onipresente e onisciente. 
         A revelação Espírita vem justamente relembrar e aperfeiçoar o ensino inspirado dos profetas e dos apóstolos, apresentando de maneira mais inteligível conhecimentos que foram esquecidos ou deturpados ao longo do tempo e trazendo à luz informações que não poderiam ser compreendidos naquele momento. Entre esses conhecimentos está uma concepção mais abrangente acerca de Deus e seus atributos.
          Leiamos com atenção os comentários de Allan Kardec acerca do assunto:

         “Suponhamos um fluido bastante sutil para penetrar todos os corpos. – Seja ou não assim no que concerne ao pensamento de Deus, isto é, quer o pensamento de Deus atue diretamente, quer por intermédio de um fluido, para facilitarmos a compreensão à nossa inteligência, figuremo-lo sob a forma concreta de um fluido inteligente que enche o Universo infinito e penetra todas as partes da criação: a natureza inteira mergulhada no fluido divino… Nenhum ser haverá, por mais ínfimo que o suponhamos, que não esteja saturado dele. Achamo-nos então, constantemente, em presença da Divindade, nenhuma das nossas ações lhe podemos subtrair ao olhar, o nosso pensamento está em contato ininterrupto com o seu pensamento, havendo, pois, razão para dizer-se que Deus vê os mais profundos refolhos do nosso coração. Estamos Nele, como Ele está em nós, segundo a palavra de Cristo.
          Para estender a sua solicitude a todas as criaturas, não precisa Deus lançar o olhar do alto da imensidade. As nossas preces, para que ele as ouça, não precisam transpor o espaço, nem ser ditas com voz retumbante, pois que, estando de contínuo ao nosso lado, os nossos pensamentos repercutem nele.”[2]
 

         O pensamento Kardequiano concorda inteiramente com as escrituras:

           “O Espírito do Senhor enche o Universo, dá consistência a todas as coisas, não ignora nenhum som.” (Sabedoria 1:7)³ – “pois Nele vivemos e nos movemos, e existimos…” (Atos 17: 28) – “Poderíamos nos estender sem esgotar o assunto, numa palavra: Ele é tudo.” (Eclesiástico 43:27)³ – “porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas”. (Romanos 11:36) – “ Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? -  diz o SENHOR; Porventura, não encho eu os céus e a terra? – diz o SENHOR.” (Jeremias 23:24).


         Deus não tendo limites não poderia ter uma forma, qualquer formato que circunscreva Deus no espaço ou no tempo, restringiria tambem os seus atributos. Desse modo, Deus não é uma pessoa, é uma consciência infinita e auto-existente. Sua essência enche o universo e o fluido que dele parte é o instrumento de todas as criações materiais e espirituais.



Jefferson Moura de Lemos





Referencias:

[1] Bíblia Sagrada. João Ferreira de Almeida. Ed. 1995 São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.  
[2] Kardec, Allan. A Gênese. capitulo II, itens 22 e 24.
[3] A Bíblia de Jerusalém – Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus.  7ª impressão: Julho de 1995.

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