“Logo se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das Escrituras Sagradas. Os Espíritos não vêm, pois, destruir a religião, como alguns o pretendem, mas, ao contrário, vêm confirmá-la, sancioná-la por provas irrecusáveis.” (O Livro dos Espíritos, questão 1010)

domingo, 5 de junho de 2022

KARDEC E DARWIN

 















Allan Kardec utilizando a metodologia científica disponível em sua época, conseguiu aproximar as ideias religiosas fundamentais, da ciência positiva, de modo que o arcabouço doutrinário do Espiritismo estivesse aberto a toda nova descoberta científica que acrescentasse ou contradissesse os princípios que estavam sendo estabelecidos.

Charles Darwin revolucionou o pensamento científico da sua época e ainda hoje, a Teoria da Evolução encontra consonância em todos os ramos em que se desdobrou a ciência. Todas as descobertas que vieram após Darwin somente vieram confirmar a solidez das observações contidas em “A Origem das Espécies”.

Desde os primeiros fenômenos espirituais na cidade de Hydesville nos Estados Unidos da América e alguns anos depois culminando na codificação e surgimento do Espiritismo em 1857 quando Allan Kardec leva para as livrarias a obra “O Livros dos Espíritos” até Darwin expor suas descobertas em 1859 o pensamento científico e religioso foi abalado, pois a verdade não podia ficar embaixo do alqueire (Lucas 11:33)

Desse modo, não é por acaso que o Espiritismo e as descobertas de Darwin e de outros gênios da ciência chegaram num momento propício, pois todo esse rigor e popularidade da ciência que se desenvolvia naquele período, também trazia em seu bojo, apesar dos perigos do materialismo que a cercava, o desenvolvimento e o progresso dos vários campos do pensamento humano.

Sem o desenvolvimento científico do século XIX dificilmente o Espiritismo encontraria o meio propício para o seu aparecimento. Houve então, toda uma preparação no mundo espiritual para que a Terceira Revelação da Lei de Deus pudesse encontrar o solo fértil que precisava para se desenvolver sem os simbolismos e as mitologias, sendo uma doutrina positiva e racional.

Esses dois missionários, Kardec e Darwin, deixaram para a posteridade duas grandes obras que, para quem lê e medita nelas, encontrará questões que se aproximam e se complementam. O Darwinismo, expõe a evolução ou transmutação das espécies no meio material e o Espiritismo complementa as descobertas evolucionistas na contraparte espiritual. São dois processos evolutivos que acontecem paralelamente.

Apesar do evolucionismo, como conhecimento científico, prescindir de uma intervenção sobrenatural para explicar os processos de seleção natural, variabilidade genética, mutações e tantos outros mecanismos de evolução descobertos depois de Darwin. O Espiritismo nos traz inúmeras informações que nos ajudam a compreender melhor esse paralelismo entre o evolucionismo biológico e a evolução espiritual, adentrando onde a biologia e os instrumentos físicos, por enquanto, não conseguem alcançar.

É claro que o conceito de progresso que encontramos nas obras de Kardec não tem a mesma ideia conceitual que encontramos no evolucionismo, já que para o Espiritismo, o princípio espiritual progride passando por etapas de simplicidade consciencial e física até chegar a complexidade de uma autoconsciência plenamente desenvolvida e dotada de livre arbítrio. Assim, na visão espírita a evolução é uma escalada de progresso visando um fim, ao passo que a evolução segundo o conceito científico é simplesmente adaptação ou descendência com modificação.

Todavia, essa diferença conceitual é mais superficial do que absoluta, pois no final das contas o ser humano é o organismo biológico e consciencial dominante no planeta, então seja por qual via se queira para a evolução, ela caminhou até Nós, seres biológicos e espirituais, autoconscientes e dotados de livre arbítrio. Isso é progresso!



Jefferson Moura de Lemos


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