“Eu era um jovem de boas qualidades, coubera-me por sorte, uma boa alma. Ou antes, sendo bom, entrara num corpo sem mancha.”
(Sabedoria 8:19)¹
O livro da Sabedoria é parte integrante do Antigo Testamento na Bíblia Católica Romana. Escrito em grego na segunda metade do século I a.C. (antes de Cristo), foi utilizado pelos padres desde o século II d.C., sendo reconhecido pela Igreja como inspirado da mesma forma que os livros hebraicos.
O seu autor, mesmo tendo sido um Judeu helenizado de Alexandria (cidade fundada por Alexandre o Grande no Egito), permaneceu fiel ao Judaísmo.
Na passagem em tela (atribuída pelo escritor ao rei Salomão), ele demonstra de modo bastante explicito a sua crença na imortalidade e na preexistência da alma, isto é, que a alma já existia moral e intelectualmente completa antes do nascimento.
Podemos ainda perceber de modo implícito a doutrina da reencarnação quando afirma: “Ou antes, sendo bom, entrara num corpo sem mancha” colocando como a causa de ter nascido saudável e com o corpo físico sem defeitos a sua bondade anterior ao nascimento. Ora, essa bondade só poderia ser conseguida em vivencias passadas.
Ensinamento semelhante está no livro de Jeremias 1:5. Portanto a doutrina da preexistência da alma e fundamentalmente Bíblica e uma das bases doutrinarias do Espiritismo.
Allan Kardec [2] pergunta aos espíritos superiores na questão 361 acerca das faculdades morais e intelectuais do espírito reencarnado:
P- de onde vêm, para o homem, as qualidades morais, boas ou más?
R- são as do Espírito que está encarnado nele; quanto mais o Espírito é puro, mais o homem é guiado para o bem.
P- Parece resultar disso que o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, e o homem viciado a de um mau Espírito?
R- Sim, mas dize antes que é um Espírito imperfeito, de outra forma poder-se-ia crer em Espíritos maus, os que chamais demônios.
Jefferson Moura de Lemos
Referências:
[1] A Bíblia de Jerusalém, Sociedade Bíblica Católica Internacional. 7ª impressão: Julho de 1995.
[2] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução: Salvador Gentile, Revisão Elias Barbosa. Araras, SP, IDE, 82ª edição, 1994.
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