“Logo se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das Escrituras Sagradas. Os Espíritos não vêm, pois, destruir a religião, como alguns o pretendem, mas, ao contrário, vêm confirmá-la, sancioná-la por provas irrecusáveis.” (O Livro dos Espíritos, questão 1010)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O SACRIFÍCIO DE JESUS E A REENCARNAÇÃO




          “Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.”

(Isaías 53:5)¹


         
          Os judeus acreditavam em sacrifícios de animais para a expiação de pecados (ler o Levítico). Esses holocaustos visavam o resgate de pecados pessoais e tambem de pecados coletivos. Mas não eram somente os judeus, praticamente todos os povos antigos praticavam sacrifícios.
          É imbuído desse pensamento que o profeta Isaías, ao receber do plano espiritual superior a visão profética, compreende o sacrifício futuro do Messias: como um cordeiro que será sacrificado em resgate coletivo.
          E essa mesma ideia será retomada pelos apóstolos principalmente Paulo, o que é bastante compreensível visto que no seu tempo ainda se realizavam sacrifícios no templo de Jerusalém.
          Assim sendo, o sacrifício de Jesus foi necessário apenas como um meio de chegar ao coração de pessoas ainda nos estágios da barbárie e da violência e que ainda não compreenderiam uma salvação sem um holocausto, apesar dos vários esclarecimentos da espiritualidade superior nas mesmas páginas do Antigo Testamento, exortando a substituírem-se os holocaustos pela prática do amor ao próximo, ensinamento que logicamente não foi compreendido. [2]
         Assim, Jesus sabia que seria rejeitado e sofreria, devido a essa ignorância, Jesus conhecia cada um deles, sabia do estado evolutivo em que cada um se encontrava, mas, mesmo assim, quis nos trazer o roteiro perfeito para a nossa salvação, quer dizer, a moral evangélica que nos leva a reforma interior salvando-nos de nós mesmos.
          O confrade Melcíades José de Brito, autor do livro “O Espiritismo à luz da Bíblia Sagrada” [3] comenta esta passagem de Isaías no capítulo “A Pessoa de Cristo”, respondendo a um articulista protestante que utilizava os textos bíblicos com a intenção de desacreditar a Doutrina Espirita.
          Como o tópico é muito extenso escolhemos trechos que se ligam de modo a não se perder o pensamento do autor, é um texto muito bom, então vamos aos estudos:
          “O trecho utilizado pelo articulista diz respeito à previsão bíblica do sofrimento e morte de Jesus na cruz. Foi uma profecia, feita sete séculos antes e que se confirmou. O fato em si dá validade ao fenômeno mediúnico. A visão de Isaías decorreu de seu contato com o plano Espiritual. Foram seus superiores espirituais que lhe proporcionaram a visão, com a finalidade de preparar o povo judeu para a vinda de Jesus.
         É importante observar que Isaías não determinou a data em que o Messias viria. A Espiritualidade Superior, ao anunciar fatos premonitórios, raramente estabelece a data em que ocorrerão. E esse ponto serve até como recurso para diferenciar se uma comunicação é de boa qualidade ou não, visto que os Espíritos inferiores fixam datas e se divertem com a confiança que atribuímos às suas leviandades.
          Raciocinando em cima do tempo decorrido de Isaías até Jesus, podemos concluir que muitas gerações se sucederam, sem que a visão profética se confirmasse.
          A grande antecipação com que a vinda de Cristo foi anunciada demonstra para nós que a missão de Jesus foi precedida de um extenso e demorado planejamento. Aguardou-se, na Espiritualidade, o tempo propício para a efetivação do evento, que dependia de avanços morais daquele povo.
         Se Jesus tivesse sido contemporâneo de Isaías, por exemplo, o seu fim teria sido mais perverso que a cruz e a perpetuação do Evangelho estaria comprometida. Faltava ao povo amadurecimento espiritual que possibilitasse, ao menos, a preservação dos ensinos.
         O Espiritismo não tem nada contra aquela profecia de Isaías. Afirmamos que ela se referia aos fatos que haveriam de vir, setecentos anos depois, e que desencadeariam a morte de Jesus. Tudo se confirmou. Corroboramos o entendimento de que Jesus foi ferido por nossas transgressões.
         Dizer que Jesus foi ferido por nossas transgressões é, no fundo, pregar a reencarnação. Senão, vejamos: quando eu me refiro a nossas transgressões, estou incluindo a minha transgressão, a sua, a de nossos amigos, a de todas as pessoas que compõe a humanidade.
          Se Jesus foi ferido pela minha transgressão, das duas uma: ou eu havia transgredido antes dEle nascer, ou já estava determinado na Lei que quando um dia eu nascesse fatalmente transgrediria.
          No primeiro caso, Jesus pagou por uma transgressão já acontecida. Aí, se transgredi no passado e hoje estou aqui é porque nasci de novo (reencarnei). No segundo, pagou por uma transgressão ainda por acontecer.
          É inaceitável que Jesus tenha pago antecipadamente. Se isto tivesse acontecido, ao nascer eu estaria obrigado a transgredir, até para justificar o sofrimento já suportado por Ele. Já pensou se eu nascesse e não cometesse nenhuma transgressão? O pedacinho de dor que ele suportou em meu beneficio teria sido em vão.
          Há a possibilidade de eu vir e não transgredir? Não, porque sou um Espírito imperfeito. Numa nova existência posso vir melhor, errar menos, mas o erro só será banido de meu ser quando eu me tornar Espírito puro. Agora o fato de eu errar, não tem correlação com o sofrimento dEle na cruz, porque meu erro decorre da minha inferioridade espiritual.
         Olha, vou dizer aqui uma verdade, revelada pelos Espíritos: antes de Jesus vir ao mundo, nós, hoje reencarnados, já tínhamos vivido na terra, noutros corpos e em condições de muito maior inferioridade do que hoje, cometendo toda sorte de erros e maldades. Antes da vinda de Jesus, já acumulávamos transgressões às leis de Deus.
          Foi para nos libertar do ciclo do erro e da maldade que Jesus esteve aqui e nos legou o seu evangelho redentor. É nesse sentido que devemos entender o “ferido por nossas transgressões e moído por nossas iniquidades”, citado pelo profeta.”


Jefferson Moura de Lemos





Referencias:

[1] Bíblia Sagrada. João Ferreira de Almeida. Ed. 1995 São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.
[2] (Oséias 6:6)
[3[ BRITO, Melcíades José de. O Espiritismo à luz da Bíblia Sagrada. Editora DPL - SP , ano 2000.

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